A atividade pode informar e sensibilizar as pessoas sobre a importância de manter a fauna silvestre livre, cumprindo suas funções ecológicas.
O tráfico de animais é uma realidade conhecida por décadas, talvez séculos, em nosso país. No entanto, mantém-se atual. Com o lançamento da campanha Algoritmo Selvagem, organizada pela equipe da instituição Ampara Animal, e da veiculação da matéria “Áudios e vídeos exclusivos mostram como agiam quadrilhas especializadas em tráfico de animais silvestres no Brasil” pelo Fantástico (TV Globo) em março, o assunto ganhou mais atenção, inclusive entre o público leigo.
O tráfico de animais silvestres é considerado a terceira maior atividade ilícita do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. Segundo dados da WWF, o Brasil é um dos países que mais exporta animais silvestres ilegalmente, sendo que esse mercado movimenta mais de um bilhão de dólares, comercializando cerca de 12 milhões de espécimes anualmente.
Além dos maus tratos intensivos que esses animais sofrem ao longo do processo, a retirada dos indivíduos da natureza ocasiona um grande desequilíbrio aos ecossistemas, aumentando a pressão para extinção de várias espécies, mudanças nas teias alimentares e nos ciclos evolutivos das espécies traficadas e de outras que interagem com elas. Além disso, a prática do crime pode resultar em instabilidade e danos à saúde pública, tendo em vista que grande parte das zoonoses é disseminada pelo contato descontrolado entre humanos e animais.
Dentre os animais mais traficados, o grupo que ocupa o primeiro lugar no ranking é o das aves, com uma estimativa de, aproximadamente, 82%. Os passeriformes (aves canoras) são a ordem mais visada, seguida pelos psitaciformes (araras, papagaios, periquitos, maritacas, entre outros). Destacando-se dentro destas ordens estão as espécies Sicalis flaveola, conhecido popularmente como canário-da-terra, e o Amazona aestiva, conhecido como papagaio-verdadeiro.
Existem diversas maneiras para prevenir que a comercialização ilegal dessas espécies aconteça, como o aumento da fiscalização e o fortalecimento de políticas de conservação e proteção da natureza. Além disso, a educação e a conscientização da população através da conexão com a natureza são as ferramentas mais eficientes, pois fazem com que o número de consumidores de animais silvestres diminua. A observação de aves é apreciada por muitas pessoas e, além de ser uma atividade de lazer e descontração, também funciona como uma ferramenta de educação ambiental e de conservação da biodiversidade, já que favorece a consciência e a sensibilização das pessoas em relação aos ecossistemas.
Observação de aves contra o tráfico de animais
Durante passarinhadas, que são as atividades de observação de aves, os participantes são capazes de entender a importância dos animais silvestres permanecerem livres em seus ambientes naturais, observando suas interações com o meio em que se encontram, assim como com outros indivíduos, além de seus comportamentos alimentares e reprodutivos.
Essa vivência pode promover a compreensão das pessoas sobre a gravidade de manter esses espécimes em casa, presos em gaiolas, principalmente aves, que ficam impossibilitadas de voar, de interagir com outros indivíduos e, principalmente, de cumprir o seu papel ecológico na manutenção de seus ambientes, algo tão importante para a vida na Terra.
Tendo este conhecimento, é esperado que o interesse em ter um animal silvestre como pet diminua. E se o número de consumidores diminui, o número de espécimes vendidos também se reduz. Consequentemente, cada vez menos animais serão retirados da natureza para terem uma vida em cativeiro.
É imprescindível o incentivo às atividades de observação de aves já existentes e a criação de novas iniciativas com esse intuito, reconhecendo-se o poder desta ferramenta na conservação ambiental. Seja por meio de mutirões de observação, do ecoturismo ou por atividades de educação ambiental em escolas, precisamos fomentar a observação de aves para formar cidadãos conscientes, que amem e respeitem a natureza e cada ser vivo que a compõem entendendo-se como parte dessa mesma natureza.
Que tal sair para passarinhar neste final de semana!