Elas moram num verdadeiro paraíso, a região da Aldeia Wazare da etnia Paresi, que é cercada por outras inúmeras aldeias, todas com potencial turístico muito grande, rios, cachoeiras que atraem visitantes de várias cidades e estados brasileiros, e foi exatamente esse potencial turístico e comercial, que despertou nas mulheres da aldeia o potencial criativo.
As mulheres HalitiParesí empreendedoras pediram ao programa MULHERES EM CAMPO do SENAR, a realização de um curso de moda e grafismo onde surgiu as MULHERES EM CAMPO HALITI e assim foi criada a primeira linha de moda-praia indígena, desenvolvida e produzida exclusivamente por mulheres indígenas.
A demanda foi prontamente atendida, e elas partiram para o aprendizado, escolha de cores, tintas, tecidos, confecções, após vários dias de treinamento e muito trabalho, a primeira linha de produção ficou pronta, cangas e bolsas com matrizes indígenas, além de biquínis de crochê já produzidos artesanalmente.
Com a produção toda pronta para ser comercializada, elas partiram para o lançamento, tudo tem que estar impecavelmente preparado, organizado, a passarela da moda foi montada, pasmem, lindamente dentro do rio verde, que corta a Aldeia Wazare, onde as costureiras e agora modelos indígenas desfilarem suas peças, elaboradas e produzidas dentro de um conceito de sustentabilidade, mantendo suas cores predominantes e suas raízes ancestrais, como a prevalência do amarelo ouro, que representa a cor do pequi do Cerrado, e da alma do povo Paresi.
Quem organizou este evento e esteve à frente é a indígena Valdirene Avelino Zakenaezokero, da aldeia Wazare, criativa, antenada foi ela que fez toda a mobilização juntamente com as alunas, buscando parcerias, apoio do município e patrocínios para realizar o desfile de cangas e bolsas na Aldeia Wazare.
Segundo Valdirene, esse projeto tem o objetivo de motivar e incentivar outras mulheres para desenvolver os trabalhos dentro da aldeia dentro do seu próprio território e empreender o seu negócio dentro da comunidade. Assim dando empregos as pessoas, essas roupas serão vendidas para turistas que vêm visitar a aldeia e assim levando uma lembrança com toda a história mítica da ancestralidade do povo Haliti Paresi, através do grafismo e da natureza (animais, rios, etc.). Durante o lançamento e celebração do dia 8 de março, teve exposição e venda de artesanatos.
O superintendente de assuntos indígenas da Casa Civil do Governo do Estado de Mato Grosso Aguinaldo Santos, esteve presente no lançamento da moda praia, para ele um marco para as comunidades indígenas, que vem crescendo e evoluindo com o passar dos anos.
“Foi uma honra poder participar desse evento, ver os indígenas crescendo e tomando espaço na sociedade, e sem perder a cultura. É gratificante, parabéns mulheres guerreiras”, disse o Superintendente.
O evento teve como objetivo homenagear as mulheres e aproveitar para fazer o lançamento de cangas e bolsas com grafismo na Aldeia ‘Wazare’. Assim podendo motivar e incentivar outras mulheres para desenvolver os trabalhos dentro da aldeia e de seu próprio território e empreender o seu negócio.
“Ver as mulheres indígenas ganhando força e espaço, só me motiva a trabalhar ainda mais pela causa indígena. Gerando empregos para as pessoas, e tanto oportunidade dos turistas que visitam as aldeias, conhecer e vivenciar um pouco mais da cultura indígena e levar lembranças para casa”, disse Agnaldo.
As mulheres indígenas sofrem as mesmas violências que as mulheres nãoindígenas. No entanto, as mulheres indígenas enfrentam ainda mais dificuldades. Primeiro elas sofrem por ver seu povo em situação de vulnerabilidade, marginalizado, discriminado. Posteriormente, sofrem por ser mulher e essa violência não é só física, ela é psicológica e também social.
Mas, mesmo em meio às dificuldades e desafios, muitas mulheres enfrentam, à sua maneira, o mundo que as rodeia. Reconhecer que mulheres que resistem na luta por direitos, outras que venceram dificuldades para estudarem, outras que já foram cacicas de suas comunidades, mulheres que migraram de seu povo, mulheres que se inspiram em suas ancestrais. Tudo isso só fortalece a importância da mulher e mais ainda da mulher indígena.