Domingo, 16 de fevereiro de 2025
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Artigos Caiubi Kuhn

Um parque nacional em Cuiabá

Muita gente não sabe, mas quase 65% do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães fica em Cuiabá. A existência da unidade de conservação no município faz com que Cuiabá receba o ICMS ecológico, que representa 5% do ICMS total, distribuído entre os municípios que possuem Unidade de Conservação ou Territórios Indígenas. No ano de 2019, dos R$ 3.077.879 destinados ao ICMS ecológico em virtude da existência do parque, Cuiabá recebeu R$ 2.338.780. Além desta contribuição econômica, no Parque Nacional estão as nascentes do Rio Coxipó, responsável pelo abastecimento de quase metade da população cuiabana. 

Cuiabá também possui 36% da Área de Proteção Ambiental (APA) de Chapada dos Guimarães. O Parque Nacional e a APA são áreas núcleo da Reserva da Biosfera do Pantanal, e a própria cidade de Cuiabá também está situada dentro desta designação internacional. O título de reserva da biosfera é concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para áreas especialmente designadas para aliar a conservação ambiental e o desenvolvimento humano sustentável. Este conjunto de unidades e designações, podem cumprir um importante papel para possibilitar o contato com natureza e o desenvolvimento de ações de educação ambiental.

O limite entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães normalmente ocorre na
escarpa, ou seja, no paredão. Áreas como a Salgadeira e muitos dos balneários epousadas que existem na MT-251 estão localizadas em Cuiabá. Apesar disso, o município de Cuiabá pouco se envolve no desenvolvimento de políticas relacionadas ao turismo e meio ambiente para esta região. Aliás, mesmo tendo a maior área do Parque Nacional e recebendo a maior fatia do ICMS ecológico relacionado à unidade, Cuiabá pouco participa do Conselho do Parque.

Além das belezas naturais, a região entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães está conectada pela história. São diversas trilhas históricas, sítios arqueológicos e comunidades tradicionais, entre elas, a do São Jerônimo, Rio dos Médicos e o Coxipó do Ouro. Esse conjunto de belezas naturais e culturais cria um cenário perfeito para o desenvolvimento do turismo e o fomento da economia criativa, por meio do artesanato.

Tudo isso se soma ao patrimônio histórico, museus, vida noturna e riqueza gastronômica e cultural existente na área urbana da capital.
Além disso, Cuiabá e Várzea Grande possuem posição estratégica como porta de entrada do turismo na região. No entorno da região metropolitana, existem áreas fantásticas, como o Pantanal, as águas termais e as belezas naturais de Jaciara e Juscimeira, Nobres com seus inúmeros atrativos, e Chapada dos Guimarães com toda sua beleza. Ainda há muito a ser desenvolvido nessas áreas, como o turismo em cavernas, sítios arqueológicos, etnoturismo, entre outros. Por isso é necessário planejamento estratégico robusto em escala local e regional.

É fundamental que políticas públicas eficazes sejam implementadas para apoiar os empresários no desenvolvimento de seus negócios e atender às necessidades de qualificação dos profissionais do turismo. Mas não podemos parar por aí. É crucial incluir os fazedores de cultura, artistas, artesãos, comerciantes, guias e condutores de turismo, além das comunidades tradicionais, que têm muito a contribuir para a formação de um destino turístico de qualidade. Esses grupos oferecem experiências únicas e autênticas, capazes de transformar a visita a Cuiabá em uma jornada inesquecível.

Os recursos do ICMS ecológico precisam ser investidos no desenvolvimento do turismo, da economia criativa, na educação ambiental e na proteção e preservação destas unidades de conservação. Cuiabá precisa olhar para o seu potencial turístico e atuar fortemente no fomento deste setor. Esse é um ótimo caminho para gerar empregos, renda e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento sustentável.

Caiubi Kuhn

Caiubi Kuhn
Caiubi Kuhn, Professor na Faculdade de Engenharia (UFMT), geólogo, especialista em Gestão Pública (UFMT), mestre em Geociências (UFMT), Presidente da Federação Brasileira de Geólogos (FEBRAGEO).
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